Nunca tive vocação para boa menina politicamente correta.
Nunca consegui escapar de estar envolvida em algum tipo de problema.
Nunca consegui ter uma vida calma e sempre fiz merda.
E, na real, demorou até pra entender que eu gosto de fazer merda.
Porque, se você pensar direito, se todo mundo fizesse tudo certinho, nunca nada ia ter mudado na vida de ninguém.
Admirável Mundo Novo.
E, de boa, eu já me decepcionei o suficiente com as pessoas pra me importar com o que elas pensam ou não sobre o que sobra de minha vida.
Já fui utópica e idealista o suficiente pra abastecer quarenta anos adiante.
Agora me reservo o direito à descrença.
É estranho pensar assim.
Muita coisa perdeu o sentido pra mim.
E essa perda não foi nada suave.
Enfim...
A gente cresce com a idéia de que tem que acreditar em alguma coisa, mas não imagina que a maior certeza de nossas vidas é que essa coisa, qualquer que seja ela, vai ser arrancada da gente sem piedade.
E é assim que a gente se torna adulto.
Perdendo os sonhos.
E só o que resta pra gente, nesse sentido, é o intervalo.
Fora isso, seguir em frente causando o maior estrago possível.
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