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INFOMATION
.LisandraMoraes

Há quem diga que ela não passe de um monte de palavras. Há quem espere dela um monte de atitudes. Há quem a não conheça, há quem finja não conhecer. Há quem a siga, há quem se afaste. Há quem a abrace a há quem a faça chorar… Ela chora por não saber como dizer E escreve por não saber como chorar. Ela descreve o que não é E aposta no errado. Vive entre fases E te vicia lentamente. A abstinência te assusta, mas isso a diverte


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  • Casar ou comprar uma bicicleta
    Date / Time : quarta-feira, 3 de março de 2010 / quarta-feira, março 03, 2010
         Quando eu era criança, passava na TV uma propaganda em que um cara andava até a casa da namorada com flores na mão. No caminho, ele via uma loja de bicicletas e ficava parado, olhando para as flores e para a loja. Daí, o locutor dizia: "Está na dúvida se casa ou se compra a bicicleta?" Não me lembro se a propaganda era de de agência de casamento ou de bicicleta, ou, sei lá, de iogurte - sabe como é, algumas propagandas são bem loucas -, mas lembro que não entendia nada. Como assim, a pessoa não sabe se casa ou se compra uma bicicleta? Ou que uma coisa tem a ver com a outra? Essa expressão foi moda por algum tempo, mas sumiu antes que eu pudesse entendê-la. Só me lembrei dela há alguns anos, quando fui ler uma entrevista com um astronauta.
      Calma, já vou amarrar tudo o que eu disse e chegar a um ponto. Mas vamos primeiro à entrevista. Como bom astronauta, ele alterna períodos na Terra e períodos no espaço. Daí o entrevistador perguntou: "É verdade que, quando você está na Terra, só pensa em voltar ao espaço novamente?" E ele respondeu: "Penso mais que sou como os pescadores. Quando estão na terra, tudo o que querem é voltar para o mar. Mas, quando estão na imensidão do mar, pensam em como seria bom estar com os pés fincados na terra."
      Ele disse tudo. Como você deve ter notado, ser gente é muito estranho, e uma dessas estranhezas é nunca estar satisfeito.
      Bem, às vezes, nós estamos satisfeitos, é verdade. Por cinco minutos ou cinco anos. Mais dia, menos dia, as dúvidas começam a surgir. Nosso sonho era namorar aquele cara, mas, agora que estamos com ele, vemos que ser solteira era até divertido, que a gente saía com as amigas, que ficava com os caras - meu Deus, como era legal ser solteira! Só que, quando a gente estava solteira, vivia se perguntando quando arranjaria um namorado. Ai, ai.
      Quando eu era criança e via aquela propaganda, eu não sabia como alguém pode ficar na dúvida entre coisas tão diferentes - casar e comprar uma bicicleta. Mas o caso é que, quando estamos tomando uma decisão, não importa o que as opções têm em comum: o que importa é que queremos descobrir qual delas, afinal, nos satisfaz. Namoro ou fico solteira? Termino o namoro ou continuo? Quero fazer jornalismo ou química industrial? Faço faculdade ou viajo pelo mundo? Moro sozinha ou com meus pais? Tudo tão diferente, e tudo com o mesmo objetivo: satisfação.
      É engraçado. Sabemos que somos eternos insatisfeitos, mas, quando fazemos uma escolha, queremos que ela seja "a escolha". Talvez, se a gente parasse de pensar que existe uma opção certa para cada dúvida nossa, e que só escolhemos o que mais nos satisfaz num determinado período e que depois tudo pode e vai mudar, as coisas ficassem mais fáceis. A gente não daria tanto peso a cada decisão e não se agustiaria tanto: afinal, nada do que a gente decidir vai garantir satisfação eterna. NADA.
    Ou estou sendo muito exagerada?
      Não sei. Mas penso que o astronauta e os pescadores sabem das coisas. Assim como aquela propaganda de agência de casamento, bicicleta -  ou de iogurte, vai saber.



    * Texto de Liliane Prata, retirado da revista Capricho.


                                                                                                                                Achei bem interessante.