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INFOMATION
.LisandraMoraes

Há quem diga que ela não passe de um monte de palavras. Há quem espere dela um monte de atitudes. Há quem a não conheça, há quem finja não conhecer. Há quem a siga, há quem se afaste. Há quem a abrace a há quem a faça chorar… Ela chora por não saber como dizer E escreve por não saber como chorar. Ela descreve o que não é E aposta no errado. Vive entre fases E te vicia lentamente. A abstinência te assusta, mas isso a diverte


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  • Date / Time : sexta-feira, 19 de março de 2010 / sexta-feira, março 19, 2010
    Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada “impulso vital”. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como “estou contente outra vez”. Ou simplesmente “continuo”, porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como “sempre” ou “nunca”. Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim – nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como “não resistirei” por outras mais mansas, como “sei que vai passar”. Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente – e não importa – essa coisa que chamarás com cuidado, de “uma ausência”. E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás – aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.Já não é tempo de desesperos. Refreias quase seguro as vontades impossíveis. Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim:- … mastiga a ameixa frouxa. Mastiga , mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca …




                                                                                ...

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    Date / Time : sábado, 13 de março de 2010 / sábado, março 13, 2010
    A morte, por si só, é uma piada pronta.
    Morrer é ridículo.
    Você combinou de jantar com a namorada,
    está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem,
    precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no
    carro e no meio da tarde morre. Como assim?
    E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente?
    Não sei de onde tiraram esta idéia:
    MORRER!!!
    A troco? Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio
    estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física,
    quase perdeu o fôlego, mas não desistiu. Passou madrugadas sem dormir para
    estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer
    da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora
    de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente...
    De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway,
    numa artéria entupida, num disparo feito por um delinqüente que gostou do seu tênis.
    Qual é?
    Morrer é um chiste.
    Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém,
    sem ter dançado com a garota mais linda,
    sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida.
    Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e
    penduradas também algumas contas.
    Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas,
    a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira.
    Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu.
    Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce,
    caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina,
    começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer.
    Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte
    costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã.
    Isso é para ser levado a sério? Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o
    sono eterno pode ser bem-vindo. Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não
    acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase
    nada guardado nas gavetas.
    Ok, hora de descansar em paz.
    Mas antes de viver tudo? Morrer cedo é uma transgressão,
    desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero.
    E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça.
    Por isso viva tudo que há para viver.
    Não se apegue as coisas pequenas e inúteis da Vida... Perdoe... Sempre!!!                Pedro Bial

    Choque de realidade
    Date / Time : quarta-feira, 10 de março de 2010 / quarta-feira, março 10, 2010

    Como se fosse a primeira vez
    um lamaçal de preocupações
    crise anunciada

    O brilho de feridas abertas
    duas cadeira vazias
    alegria que durou pouco
                             
    Brincando de esconde - esconde
    à espera de movimentos
    as ideias fazem você voar

    A paisagem faz você esquecer-se
    de tudo alheio ao vendaval
    coisas estranhas da vida

                                        Tragédia silenciosa
                                        com ou sem abismo
                                        olhem e sigam em paz.

    Casar ou comprar uma bicicleta
    Date / Time : quarta-feira, 3 de março de 2010 / quarta-feira, março 03, 2010
         Quando eu era criança, passava na TV uma propaganda em que um cara andava até a casa da namorada com flores na mão. No caminho, ele via uma loja de bicicletas e ficava parado, olhando para as flores e para a loja. Daí, o locutor dizia: "Está na dúvida se casa ou se compra a bicicleta?" Não me lembro se a propaganda era de de agência de casamento ou de bicicleta, ou, sei lá, de iogurte - sabe como é, algumas propagandas são bem loucas -, mas lembro que não entendia nada. Como assim, a pessoa não sabe se casa ou se compra uma bicicleta? Ou que uma coisa tem a ver com a outra? Essa expressão foi moda por algum tempo, mas sumiu antes que eu pudesse entendê-la. Só me lembrei dela há alguns anos, quando fui ler uma entrevista com um astronauta.
      Calma, já vou amarrar tudo o que eu disse e chegar a um ponto. Mas vamos primeiro à entrevista. Como bom astronauta, ele alterna períodos na Terra e períodos no espaço. Daí o entrevistador perguntou: "É verdade que, quando você está na Terra, só pensa em voltar ao espaço novamente?" E ele respondeu: "Penso mais que sou como os pescadores. Quando estão na terra, tudo o que querem é voltar para o mar. Mas, quando estão na imensidão do mar, pensam em como seria bom estar com os pés fincados na terra."
      Ele disse tudo. Como você deve ter notado, ser gente é muito estranho, e uma dessas estranhezas é nunca estar satisfeito.
      Bem, às vezes, nós estamos satisfeitos, é verdade. Por cinco minutos ou cinco anos. Mais dia, menos dia, as dúvidas começam a surgir. Nosso sonho era namorar aquele cara, mas, agora que estamos com ele, vemos que ser solteira era até divertido, que a gente saía com as amigas, que ficava com os caras - meu Deus, como era legal ser solteira! Só que, quando a gente estava solteira, vivia se perguntando quando arranjaria um namorado. Ai, ai.
      Quando eu era criança e via aquela propaganda, eu não sabia como alguém pode ficar na dúvida entre coisas tão diferentes - casar e comprar uma bicicleta. Mas o caso é que, quando estamos tomando uma decisão, não importa o que as opções têm em comum: o que importa é que queremos descobrir qual delas, afinal, nos satisfaz. Namoro ou fico solteira? Termino o namoro ou continuo? Quero fazer jornalismo ou química industrial? Faço faculdade ou viajo pelo mundo? Moro sozinha ou com meus pais? Tudo tão diferente, e tudo com o mesmo objetivo: satisfação.
      É engraçado. Sabemos que somos eternos insatisfeitos, mas, quando fazemos uma escolha, queremos que ela seja "a escolha". Talvez, se a gente parasse de pensar que existe uma opção certa para cada dúvida nossa, e que só escolhemos o que mais nos satisfaz num determinado período e que depois tudo pode e vai mudar, as coisas ficassem mais fáceis. A gente não daria tanto peso a cada decisão e não se agustiaria tanto: afinal, nada do que a gente decidir vai garantir satisfação eterna. NADA.
    Ou estou sendo muito exagerada?
      Não sei. Mas penso que o astronauta e os pescadores sabem das coisas. Assim como aquela propaganda de agência de casamento, bicicleta -  ou de iogurte, vai saber.



    * Texto de Liliane Prata, retirado da revista Capricho.


                                                                                                                                Achei bem interessante.